quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

NOTA

A COORDENAÇÃO DO GRUPO ZUMBI DE CULTURA POPULAR, PRIMANDO PELO CARÁTER E O BOM SENSO, REPUDIAMOS AS AÇÕES ACOMETIDAS À NOSSA IRMÃ EM ÁFRICA, FELICIA AURORA.


Denunciada exploração de mulher africana por casal de empresários paraibanos


FELÍCIA AURORA desde o mês de abril de 2010, vem sendo explorada por casal de empresários brasileiros no estado da Paraíba. FELÍCIA é Angolana e veio ao Brasil (entrou com visto de turista) a convite do casal brasileiro, que propôs que a mesma viesse trabalhar como empregada doméstica na residência do casal, prometendo-lhe residência, salário mínimo, segundo eles, a moça trabalharia durante meio período e noutro poderia estudar, que era o principal objetivo da angolana.


TORCEMOS PELO TOTAL E IRRESTRITO SOSSEGO E PAZ DE FELÍCIA AURORA.


VAMOS MOÇADA, VAMOS RESPONDER O COURO!


A COORDENAÇÃO

domingo, 16 de janeiro de 2011

Capoeira, Negritude & Paraiba

Este artigo foi decomposto numa série de três artigos na época de sua publicação no portal Jornal do Capoeira. Aqui unimos os três artigos em apenas um.

Primeiro artigo de Benedito dos Santos, sobre o tema Capoeira e Negritude. Entrevista especial com Rafael Magnata do Capoeira Badauê.

= Nota do Editor =
Quando planejamos a edição especial CAPOEIRA E NEGRITUDE para nosso Jornal do Capoeira, de pronto, diversos colaboradores colocaram a mão na massa. Tanto é que decidimos estender a edição por mais uma semana, e ainda foi pouco. Ainda não publicamos todas as contribuições. Temos pelo menos mais cinco excelentes artigos sobre o tema e que estão sendo diagramadas em nossa Redação, sendo que ontem chegou uma vindo do Rio (Mestre Paulão!), e outras do Rio Grande do Sul. Temos ainda a segunda parte do artigo da pesquisadora Patrícia Moraes sobre o "Embranquecimento da Capoeira em João Pessoa-PB".
O amigo Bené - autor do artigo apresentado à seguir, por exemplo, pegou seu gravador e fez uma série de excelentes entrevistas na capital Paraibana. Entrevistou capoeiristas, professores, representantes de movimentos negros locais, além, é claro, de representantes do poder público. Resultado: ele nos enviou não apenas um, mas diversos artigos para nosso jornal do capoeira. Neste primeiro texto Bené, após fazer uma introdução sobre o tema, incluiu a entrevista com o capoeira Rafael Magnata da ONG Pérola Negra e daAssociação Cultural de Capoeira Badauê. Nos próximos artigos incluiremos as entrevistas do professor Antônio (Universidade Federal da Paraíba), do João Carlos Silva de Carvalho (Balula - Movimento de Ação Negra), da professora Tânia Maria da Silva Correia, do Pai Carlos (Federação Independente dos Cultos Afro) e da Verônica (Abimadele - movimento de mulheres negras) e do professor Valdeci Ferreira Chagas (Universidade Estadual da Paraíba)
Vamos, então, a primeiro artigo da Paraíba. Mas conscientes - este é o segredo - de que tem mais sendo preparado em nosso editorial.

Cordialmente,

                        Milton Cezar Ribeiro

A Capoeira e a negritude, duplo sentido vivido numa só pele, pois a capoeira é a razão da própria pele. Até porque, segundo Pierre Verger, "o negro só irá saber da sua história quando for escrita por um negro", e a luz do avanço das novas tecnologias, começa-se a pensar a história da capoeira de uma forma mais voltada para a educação e para cultura. Mesmo que de forma incipiente, mas já se percebe a inquietação de alguns, haja visto também, o alto índice de busca referente a capoeira na Internet hoje.
E com isso começa-se a questionar um pouco mais no sentido de remeter a capoeira mais ao campo da cultura e seus agentes; agentes esses que podem modificar essa socialização dentro do universo da capoeira. Porém, o mito que circula negativamente sobre nossa arte ainda se faz muito forte e presente.
O presente tema - Capoeira e Negritude-, enfocado pelo Jornal do Capoeira, é oportuno, pois visa tratar de um tema que não pode se dar por terminado em um só artigo. Buscamos, aqui na Paraíba, ouvir o maior número de pessoas ligadas de certa forma direta ao tema ora tratado, a começar pelo contramestre Rafael Magnata, coordenador da ONG Pérola Negra e da Associação Cultural de Capoeira Badauê. Rafael falou com muita propriedade ao Jornal do Capoeira e que irá, na próxima semana, nos contar tudo sobre a atuação da "Associação Capoeira Angola Palmares" e seus 15 anos de existência em João Pessoa.
Jornal do Capoeira - Rafael, qual seu ponto de vista em relação à capoeira e a negritude?
Rafael - "Capoeira e negritude é uma situação que está naturalmente irmanada, está colada uma na outra, uma vai mostrando a cada passo o caminho a ser seguido pela outra. Por exemplo, sabemos que nós, negros do Brasil, temos todo esse blá, blá de preconceito, de discriminação, e eu nem precisaria falar sobre isto, uma vez que vivemos isto dia-a-dia. No caso da capoeira em si, já trás para o negro brasileiro uma identidade; muito vezes o negro chega dentro da arte, da cultura, do esporte e dentro da propria capoeira sem base de informação do que é ser negro. "Alienado" vamos dizer assim...
E quando chega dentro da capoeira passa a convier com trabalhos coerentes, com mestres que têm realmente informações, que tem envolvimento com o processo da negritude por esse Brasil a fora. Aí sim ele passará a ser um negro mais consciente, mais assistido no que diz respeito à informação de sua identidade. A capoeira faz parte desse processo, e o espaço está aí aberto pra quem quer buscar a negritude e o ser negro consciente.
No caso acima se refere ao negro que não tem ainda sua consciência da negritude e que chega na capoeira para buscar um pouco suas raízes. Mas temos o caso do negro que já tem uma consciência, que já se assume, que tem mais acesso a essas informações do que é ser afro-descendentes ou ser negro. Neste caso ele ou ela busca realmente sua identidade, sua raiz e não tem lugar melhor, mesmo sem querer ser presunçoso - até mesmo por ser capoeirista-, mas não tem lugar melhor do que o ambiente da capoeira pra se buscar isso. Porque na capoeira encontrará grande parte das informações necessárias pra ele se auto afirmar como negro.
Então, por isso que eu digo que é uma coisa ligada na outra, a capoeira ajuda o alienado a se encontrar; e ainda dá tese de doutorado ao esclarecido se formar.
 Jornal do Capoeira - Hoje, com essas novas tecnologias, você acredita que a políticas de cotas é o melhor caminho para se resgatar a identidade do negro?
 Rafael - "Falando de tecnologia, quando a gente usa essa palavra tecnologia, a gente sempre passa pela nossa cabeça, uma coisa além da nossa compreensão, uma coisa alienígena, vamos colocar assim. Para mim tecnologia é tudo aquilo que a gente faz em beneficio próprio, em benefício de uma comunidade e do povo. Então, tudo que é consumido, tudo que se faz uma vez e dá certo e ajuda a quem está a seu redor, ajuda a comunidade, isso é tecnologia. Agora o que a gente precisa entender é que a tecnologia é especifica na capoeira à todo momento; como diz meu mestre: "Capoeira na Roda , Capoeira na Vida". Precisa-se jogar capoeira a todo momento, quer dizer, ter a "malandragem" suficiente pra utilizar as tecnologias e as coisas novas que estão aparecendo a seu favor.
Em relação ao sistema de cotas, essa é mais uma "tecnologia", mais uma informação nova que chega. Quer dizer, é nova para nós brasileiros, pois em outros países já se utilizavam e se utilizam ainda hoje de tal sistema. Por ser algo novo, não deixa de ser uma tecnologia, uma informação nova, e cabe a nós irmos à fundo buscar informações e conhecimentos para se poder utilizar isso a nosso favor. Acredito que essa política de cotas não desmerece a capacidade que o negro tem.
Jornal do Capoeira - A questão hoje dos órgãos de classe, os órgãos representativos do negro, com essa comunicação globalizada que estamos hoje, esse movimento, a globalização, ela tem facilitado a conscientização. Inclusive da capoeira que hoje a gente vê bem difundida e inserida no mundo. O que você acha desta questão da Capoeira e da negritude que estão lançando mão dessas novas tecnologias em prol da sua própria identidade?
Rafael - "Se voltarmos a dez anos atrás a gente vivia numa pendenga mesmo, a gente não tinha informação de nada, era tudo por debaixo dos panos, do tapete. Hoje a informação está aí, aberta, você abre rádio, jornal, aí esquece tudo isso, você abre a Internet e pega tudo isso junto. Sabe, hoje a gente tem mais acesso, ah!, mais o negro não tem computador em casa, certo! Mas não vamos ficar nesse discurso que negro é só pobre, negro é só miserável. Não!! Negro também tem um real, hoje como você bem disse a um tempo atrás, se encontra Internet a um real, então não justifica, agora é preciso trabalhar as pessoas, para fomentar nelas a real vontade de buscar conhecimento. Sem a vontade de buscar conhecimento, por mais que se tenha, não vai encontrar, e vai ficar sempre dizendo: "Ah! Me escondem as informações... Ah! Eu sou um coitadinho". Para mim esta é a maneira mais fácil de se acomodar. Minha sugestão: levante-se da cadeira - para não falar outra coisa - e vai a luta, porque informação hoje, literalmente, em toda esquina tem!", sentenciou o contramestre Rafael Magnata.
Jornal do Capoeira - Você acredita que o Movimento Negro nacional e local, dentro do seu processo histórico, ele tem avançado com essas tecnologias?
Rafael - "Tem, haja-visto o resultado prático, vamos deixar de teoria e vamos ao resultado prático: quantos negros e negras a gente vê andando na nossa cidade de João  Pessoa e que são "inconscientemente" - porque há uma consciência nisso, por isso está entre aspas-, usando roupas mais coloridas dentro da sua identidade? O pessoal de hoje sente-se mais a vontade em usar isso, mas voltando há dez atrás, era feio se mostrar como negro. Hoje não é.
São exemplos práticos que a gente pode pegar no dia-a-dia, isso sem contar as discussões que são abertas aí nos auditórios, nos encontros e nos salões com relação à negritude. Tanto o movimento negro local quanto o Nacional se beneficiam das novas tecnologias para multiplicar as informações necessárias. No caso do Nacional trabalham em prol da própria de nossa causa junto ao Governo Federal. Estão também aí a Fundação Palmares, o Grupo Guele, o Dez das Mulheres, e várias entidades que lutam pela defesa do direito do negro. Se você for a Internet e digitar a palavra "negro", o que tem de ONG, e o que tem de entidades negras no Brasil registradas e fazendo trabalhos bons é algo incontável. Então a gente não pode negar o uso dessa tecnologia em nosso benefício", concluiu o contramestre Rafael Magnata.
* * *
Segundo artigo de Benedito dos Santos (João Pessoa), sobre o tema Capoeira e Negritude. Entrevista especial Professor Antônio (UFP) e Carlos Silva de Carvalho (Balula) - Movimento de Ação Negra (Movane) de João Pessoa.
Nota do Editor:
    Pouco a pouco novas formas de debater sobre nossa arte vão surgindo. Vai sendo deixado de lado o modo mercantilista de discuti-la, vão sendo deixados a margem o excesso de fantasias, para dar espaço à discussão de seus temas nucleares. Um deles, sem sombra de dúvida, é o Capoeira e Negritude, ao qual dedicamos edição especial em nosso Jornal do Capoeira. Como adiantamos na semana passada, o assunto não se esgotou, bem pelo contrário, a cada dia está tomando mais espaço nas rodas de Papoeira. Nesta edição publicaremos mais algumas crônicas sobre o assunto, valendo ressaltar que tais contribuições chegaram à nossa Redação  a algumas semanas, mas só agora estamos publicando. É, a bem da verdade, uma forma de se manter o tema vivo não apenas na pauta do Jornal, como também para suscitar que novos debates e discussões ocorram.
    Para nossa felicidade, daqui alguns dias acontecerá o CONBRACE - Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte, em Porto Alegre, onde o tema Capoeira e Negritude mereceu um artigo científico.
    Vamos à entrevista realizada pelo Bené, que contou com a participação especial do Professor Antônio (UFP) e Carlos Silva de Carvalho (Balula), do Movimento de Ação Negra (Movane) de João Pessoa.
       
            Miltinho Astronauta

Fotos por Bené & Nivaldo

Caros amigos leitores do Jornal do Capoeira, esta foi a segunda parte de nossa contribuição ao tema Capoeira & Negritude. Para compor este número especial, percorremos toda a capital paraibana entrevistando e ouvindo representantes da cultura negra e popular local. Semana passada foi a vez de entrevistarmos o contramestre Rafael Magnata (Ong Pérola Negra e Associação Cultural de Capoeira Badauê). Ainda esta semana estaremos publicando a terceira e última parte de nossa contribuição especial, que contará com as entrevistas especiais do professor Valdeci, da Verônica (Bimadelê), do Pai Carlos (Federação Independente de Cultos Afros) e da Professora Tânia Maria da Silva Correia.
Temos consciência que a soma das crônicas e artigos aqui publicados não encerra as discussões. Todavia sabemos que estamos no caminho, pois estamos abrindo espaço à todas as vertentes e representações, buscando nada mais do que apresentar a todos as visões de nossa capoeira enquanto uma luta não puramente de roda, mas uma luta de igualdade para o povo Brasileiro. E não há como negar que nossa nação é impregnada, no melhor sentido da palavra, do componente cultural Negritude!
A seguir apresentamos as entrevistas do professor Antônio, da Universidade Federal da Paraíba, que brindou-nos com uma visão muito salutar sobre o tema Capoeira & Negritude, e do João Carlos Silva de Carvalho (Balula) - do MOVANE.

Jornal do Capoeira - Professor com esse processo de globalização que vivemos hoje, como o senhor vê a importância da Capoeira enquanto cultura e a negritude de modo geral?

Professor Antônio -  "Nos dias de hoje tempos sim que pensar na globalização, pois pensando na globalização a partir da minha identidade, pensando a partir daquilo de que me é mais íntimo, que me é particular, acho fundamental e necessário uma discussão sobre Etnia e sobre a Negritude. Temos que observar, dentro de tudo isso, o que é forte dentro da Cultura Negra! A capoeira e o Candomblé são fontes de fortalecimento de nossa identidade, e a partir do reconhecimento e do respeito à essa identidade, teremos um mundo mais globalizado muito melhor. Com isto poderemos colocar nossa religião e a nossa visão de mundo sobre a capoeira e sobre no candomblé; eu acredito que isso ajudará a compor uma visão diferenciada, uma visão também globalizada, mas uma globalização igualitária de mundo!". Sentenciou o professor Antônio.

* * *
Perguntamos também ao presidente do Movimento Negro de João Pessoa e Coordenador do Movane - Movimento de Ação Negra, João Carlos Silva de Carvalho (Balula), seu ponto de vista com relação a Capoeira e a Negritude.

Jornal do Capoeira - Balula, estamos nessa construção de negritude e também tentando incentivar o pessoal principalmente da capoeira à assumirem compromisso com a negritude, com o enegrecer, com o o enegrecimento da capoeira; pois desde que a capoeira seguiu para um campo comercial ela tem deixado de ser  algo Cultural. Por conta disto tem perdido o seu lugar dentro da sociedade etnologicamente correto, ao que sugerimos, então, colocar um certo freio neste lado comercial da capoeira, fazendo que a mesma volte um pouco desse seu afã de ser um esporte, cultura ou qualquer outra definição, e pense que antes de qualquer coisa ela é uma cultura vinda de negros. E é aí que ela precisa ter um compromisso específico, claro e presente  na sua prática cotidiana.

            Balula, você diria que capoeira e negritude seguem dois sentidos semelhantes?

Balula - "Sim, o sentido é o mesmo, mas as questões de mercado tenderam a separar a Capoeira do negro que ela é. Você me perguntaria porquê? Por que ela precisou entrar na academia, e para entrar na academia ela tinha que embranquecer um pouco; para ela entrar no congresso idem, o mesmo acontecendo para ela entrar no simpósio, no certame, na competição, e por aí vai. Isto tudo são atos do comércio, não são atos da negritude. A negritude quer, e precisa, que a capoeira, enquanto agente de negritude, volte a se reconciliar com o povo negro!".

Jornal do Capoeira - Com relação a cultura globalizada e a questão da negritude, como a sociedade está vendo a cor negra, o ser negro, o direito do negro, e como a capoeira está envolvida nesse processo?

Balula - "Hoje estamos numa luta diferenciada, que é a luta de entender as tecnologias que a ciência criou. Afro-descendência, Etnia, entre outras no dia-a-dia; Temos que entender tudo isso e tentar praticar isso junto com a comunidade em geral. Tem sido muito difícil pra todos compreenderem o avanço -  a expansão - dessa tecnologia toda. E a necessidade que a ciência tem de dar terminologia as coisas que o povo faz com naturalidade tem dificultado o acesso da própria negritude a suas próprias manifestações, principalmente das pessoas negras.

            Estamos falando de pessoas e de sociedade, onde temos que considerar desde os bens mínimos que a globalização propõe, desde a loja de R$-1,99 (referência ao inicio dos anos 90 com a febre dos importados a R$-1,99), lembrando-se que as vezes os negros tem medo de entrar nas lojas de R$-1,99, imagine então de entrar nos shoppings! Tudo virou mercado, virou auto-consumo, como se fosse alta-costura, alta-moda e alta-estação. Mas nós que sabemos do que se passa e nós que trabalhamos com negritude temos que se preocupar bastante com este processo de neo-colonização. Isto já era previsto se analisássemos as entrelinhas, e por conta disto temos que enfrentar esse processo com a máxima cautela possível, acreditando que enquanto agente patrocinador da negritude, nós temos que ultrapassar essas barreiras!".

Jornal do Capoeira - Balula, você é ator, diretor, cidadão negro, tem uma grande militância aqui em João Pessoa e sabe que vivemos com todo esse processo de globalização, com essas novas tecnologias etc. Considerando que você coordena o Movimento de Ação Negra, o MOVANE e o Movimento Negro de João Pessoa, como  você vê esse processo dentro do movimento nacional e local?

Balula - "Vejo que os grupos tem perspectivas de que a comunidade negra tenha sempre mais espaço na sociedade como um todo. O problema é que os grupos tem pouca perna, mesmo fazendo o máximo possível, mas ainda assim é pouco para a demanda social que vivemos. Com isto, as vezes o resultado acaba não sendo visto. Não se vê quando chega uma cartilha nas mãos da criançada na escola, como também não se vê chegar isto nas mãos da vizinhança. Temos consciência que tais cartilhas vão modificando, para melhor, a vida da comunidade, mas isto ainda não é visto pela sociedade! Quando você faz um debate, faz um encontro, um simpósio - porque a sociedade se acostumou com coisas grandes, enormes-, aí a sociedade comparece. Mas nós que somos do movimento negro não temos condições de fazer grandes eventos, temos apenas condição de fazer trabalho de formiguinhas mesmo, vamos modificando, no dia-a-dia, uma coisa após outra, e com isto as vezes parece que estamos no fim da fila, que nós estamos indo pra trás, entende, no fim da rabeira. Como se estivéssemos dando dois passo para trás e um pra frente, isso é o que parece. Mas na verdade a situação é bem diferente, pois estamos fazendo nossa parte, considerando, é claro, os limites impostos pela própria sociedade.

            Ela, a sociedade, que organizou-se melhor que a gente é está no controle, pois a maioria da sociedade é branca. Mesmo tendo boas experiências dentro do movimento negro, ainda percebemos que boa parte de nossas experiências não alcançou o resultado desejado. Todavia, temos total consciência que estamos no caminho certo, mesmo fazendo um trabalho lento aos olhos de alguns. Nosso trabalho é, acima de tudo, conseqüente!". Finalizou João Balula.







Este é o terceiro e último artigo sobre Capoeira e Negritude de Benedito dos Santos (João Pessoa). Nestas estrevistas Bené contou com a contribuição especial da professora Tânia Maria da Silva Correia; do Pai Carlos, da Verônica (Bimadelê) e do professor Valdeci Ferreira Chagas (UEPB).

Finalizando a série Capoeira & Negritude - Contribuições da Paraíba, apresentamos para nossos capoeiras leitores mais algumas entrevistas realizadas no mês de Agosto de 2005. Tais entrevistas se deram durante a criação da Secretaria das Minorias Raciais de João Pessoa. Aqueles que acompanham nossas matérias já devem ter lido os pontos de vistas do contramestre Rafael Magnata, Professor Antonio (UFPB) e João Balula (MOVANE).
Nesta edição trazemos para vocês mais algumas considerações sobre o tema em questão. Lembrando a todos que, seguramente, o mote Capoeira e Negritude daria dezenas de teses doutorais, ou mesmo mereceria horas de debates intra-grupos. Vamos então à entrevista com a professora Tânia Maria da Silva Correia (educadora e membro do Bimadelê); Pai Carlos ( Federação Independente dos Cultos Afro Pai Carlos), Verônica (Bimadelê) e professor Valdeci Ferreira Chagas (UEPB). Todos de uma forma ou de outra deram suas contribuições sobre o assunto, colocando posições que precisam ser refletidas pela comunidade negra na cidade de João Pessoa, do Brasil e do Mundo.

Jornal do Capoeira - Professora Tânia, como educadora, qual é seu ponto de vista em relação a negritude no Brasil e, mais especificamente, na Paraíba?
Professora Tânia -  "O debate sobre o tema negritude no Brasil é de fundamental importância, e percebemos que, para nossa felicidade, está acontecendo. Percebe-se que temos avançado em diversos pontos, mas mesmo assim acredito que ainda falta muito à ser conquistado. Sabemos que o problema principal que se esbarra é que o negro ainda não se assumem enquanto tal. Isto acontecendo, deixam também de assumir sua própria negritude, indo por água todas as nossas culturas,  nossas tradições e por ai vai. Na Paraíba temos muitos grupos bons, várias entidades - hoje contamos com 62 entidades, mas nem todas articuladas para trabalhar em prol negritude-, mas algumas acabam, até de forma involuntária, descriminando valores como por exemplo o da religião. Sabemos que isto acaba não contribuindo muito com nossa "causa". Para mudar este cenário precisamos mobilizar nosso pessoal, juntar nossas forças e promover oficina que valorizem a negritude. Vale lembrar que cabe principalmente a nós, que somos educadores, conscientizar nosso povo de seu próprio valor!
Jornal do Capoeira - A capoeira e a negritude são essencialmente ligadas, podemos dizer que são coisas semelhantes. Você acredita que com esse processo de globalização a Capoeira venha a ser um elemento de sustentação ao fortalecimento do valor da negritude?
Professora Tânia - "Acredito que se tivéssemos mais pessoas que trabalhassem dentro da capoeira com a consciência, ela - a capoeira - poderia ser um ícone dentro do movimento negro, resultando-se na preservação de nossas culturas e nossas tradições. Sabemos que a capoeira é milenar, e é uma tradição que veio da África, então, acredito que se a capoeira tivesse mais pessoas sérias trabalhando com isso, teríamos uma capoeira com a cara do movimento. Nós, educadores e participantes do movimento negro, trabalhar pessoas comprometidas com capoeira, porque são poucos os grupos que tem essa consciência, haja vista que a capoeira é uma tradição negra e muitos ainda acham que jogar capoeira é só bater, e é só violência, então a gente precisa trabalhar isso ainda com muitos grupos de capoeira.
Jornal do Capoeira - Professora Tânia, como educadora de fato e de direito, você vê que é possível dizer que o negro tem efetivamente acesso a educação, incluindo-se o uso dessas novas tecnologias?
Professora Tânia -  "Acredito que avançamos muito, mas é evidente que a baixa estima muito acentuada e a discriminação que o negro sempre sofreu dificulta um pouco este processo todo. Acredito que a maioria de nós ainda não se atreveu a ousar, ou melhor dizendo, o negro precisa ousar mais, pois só assim saberemos e colocaremos em prática nossos direitos, conseguindo abrir novos espaços na sociedade". Finalizou a professora Tânia Maria da Silva Correia com muita propriedade.




Entrevistamos também, o representante da Federação Independente dos Cultos Afro Pai Carlos que perguntado o que representa a questão religiosas dentro do movimento negro de modo geral nos dias de hoje, respondeu-nos da seguinte maneira:

Pai Carlos - Hoje em dia temos aceitação de um modo geral pela sociedade através de eventos que trazem informação sobre as culturas afro brasileira. Digo isto principalmente do lado religioso, porque a nossa religião, como se sabe, é de origem escrava, de uma raça que veio muito sofrida e que continua sofrendo discriminação. Hoje os cultos afros estão inseridos nos movimentos, em todos os segmentos da sociedade, entre as mulheres, entre os homens de uma forma geral, e nós vemos que com o apoio tem também partido por meio de Leis de Incentivo. Em relação aos cultos afros, observa-se que aqui no próprio Estado da Paraíba vemos um crescimento que é de certo ponto positivo, mas ainda temos muita barreira a derrubar, temos que correr atrás para alcançar mais êxito em nossa prática. Nos dias de hoje precisa-se de mais "inclusão" - no melhor sentido da palavra-, relacionando a questão afro religiosa à educação. Vamos fazer um paralelo. A capoeira por exemplo, que é muita ligada a negritude brasileira, dentro da escola, se alguém é adepto da religião afro, e vai se expressar, é discriminado em alguns momentos! Existe também os casos dos praticantes que estão inseridos no momento e que mesmo assim sofrem discriminação, pois até porque o próprio segmento não consegue explicar sua prática. Precisamos, por exemplo, ter espaço para esclarecer mais sobre nossa prática como modelo da religião, esclarecimentos que podem ser dados inclusive dentro de ambientes escolares e no meio da educação. Temos que voltar nossos olhares para a formação dessa juventude, hoje, para que amanhã nós tenhamos cidadãos já conscientizados sobre a nossa cultura afro religiosa.
Jornal do Capoeira - Pai Carlos, em relação ao processo globalizado, o reconhecimento da Constituição, que tem assegurado as praticas das religiões sem preconceitos.  Acabou aquela perseguição aos cultos afro brasileiros?
Pai Carlos - "Quando se fala em sincretismo religioso, seria a comparação de Santo com com Orixá. Hoje ao mesmo tempo que combatemos o sincretismo - porque não tem nada a ver o Santo da Igreja Católica com o Orixá-, por outro lado não vamos nos desfazer de ninguém e nem enfiar na cabeça de cada um sobre nossas crenças. Temos ainda as pessoas mais antigas que acreditam nesse sincretismo e que o melhor a fazer nesse momento é somar, porque de fato, o candomblé, a cultura afro brasileira e a cultura no Brasil, de um modo geral, é muita diversificada. Por conta disso percebemos que tudo se reúne para formar uma coisa só, que é a sociedade do nosso pais. Temos tentado, através da Federação Independente dos Cultos Afro da Paraíba, mudar essa história, sabendo-se que algumas pessoas já estão se conscientizando e que, mesmo faltando muito, já temos um bom número de cidadãos conscientizados". Concluiu Pai Carlos.



Verônica, uma das coordenadoras da Bimadelê, entidade essa que vem desenvolvendo trabalho de apoio mutuo as mulheres em João Pessoa, especificamente as mulheres negras, participou da Edição especial do Jornal do Capoeira sobre o tema Capoeira & Negritude.

Jornal do Capoeira - O que representa a Bimadelê nas organizações sociais em João  Pessoa?
Verônica - "A Bimadelê representa a autonomia do movimento de mulheres negras em nosso Estado, e é uma organização que nasceu com o intuito de lutar contra o racismo e em prol da cidadania da população negra. Mas o enfoque principal do Bimadelê é, sem dúvida, a mulher negra.
Jornal do Capoeira - Seu ponto de vista com relação a capoeira e a negritude.
Verônica - "Para nós da Bimadelê a capoeira é um ponto de resistência da população negra em toda a sua história,  é um resgate histórico, e vai muito além do movimento em si, vai além da dança ou mesmo defesa pessoal. A capoeira reafirma a nossa identidade, a nossa negritude, e afirma que nós estamos aqui, que resistimos ao tempo e a todo racismo que nos envolve". Concluiu a coordenadora da Bimadelê.



O professor de história da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, Valdeci Ferreira Chagas, defendeu com muita prioridade a questão da negritude de foco voltada para a educação.

Jornal do Capoeira - Professor Valdeci, seu ponto de vista em relação à negritude e à capoeira!
Professor Valdeci - "Meu ponto de vista é que a Capoeira, seja na escola, na rua, nos bairros, ou onde ela aconteça, é sinônimo de resgate, e possibilita ao praticante, seja negro ou não, a construir uma identidade negra brasileira, valorizando-se também a cultura negra no Brasil.
Jornal do Capoeira - Considerando-se a sua negritude, esse processo social que você ultrapassou, foi acadêmico, hoje o senhor é um profissional de educação, como você do seu ponto de vista com relação a  negritude tem acesso a essa camada superior?
 Professor Valdeci - "Eu vejo a escola como um dos espaços, que possibilita ao negro, como a qualquer outro segmento da sociedade a ascensão. A escola não é o único caminho para a ascensão, mas é um dos, porque sem educação se vai a lugar algum. Precisamos, por meio dos espaços nas escolas, adquirir o conhecimento, adquirir os códigos com que a sociedade se comunica, com que a sociedade dialoga. E se você deixa um negro excluído desse espaço escolar, do espaço do conhecimento, logicamente ele vai estar excluído da sociedade. Então, nesse sentido, a escola é espaço de afirmação também da negritude, e tem o dever e a obrigação de trabalhar com os elementos da cultura negra, sendo, desta forma, um passo da promoção da chamada igualdade racial que a gente tanto discute, e que a gente tanto quer". Finalizou categoricamente o professor!

Mestre Naldinho avalia saída da Capoeira Angola Palmares na Paraíba

Artigo publicado pelo portal Jornal do Capoeira em 28/01/2005

Nesta entrevista, realizada pelo pesquisador de cultura popular BenéMestre Naldinho  fala sobre seu trabalho na Paraíba, além de avaliar seu desligamento da Capoeira Angola Palmares de Mestre Nô.

Sob a responsabilidade do senhor Norival Moreira de Oliveira, Mestre Nô, a  Associação Cultural de Capoeira Angola Palmares, fez e deixou história na Paraíba. Mais precisamente em 1990, o mestre Nô inicia supervisão aos grupos Badauê de PalmaresLua de Palmares e Senzala de Palmares, passando depois todos a se intitularem Capoeira Angola Palmares. Sentimentos humanos, são coisas que não se podem desconsiderar num trabalho coletivo. Analisando todo esse período de existência da Capoeira Palmares na Paraíba, percebo que falta, assim como falta no resto do Brasil, ver que as pessoas têm sentimentos e as vezes as decisões são tomadas sem levar em consideração esse parâmetro. Observa-se que nos grupos ou associações, há uma hierarquia exagerada, levando-se em consideração um novelo de lã, que transformado em um símbolo de força, perpassa todos os outros sentimentos, fazendo valer apenas aquela autoridade outorgada pelo cordel, ou seja, temos medo e não respeito.

E isso, na maioria das vezes, gera o que sempre ouvimos ou escutamos: fim disso, extinção daquilo, desfiliação daquele outro. Precisamos fazer uma reengenharia da Capoeira, mostrando e comprovando que a tecnologia está aí. Não eliminar e sim para somar todas as intenções que unam os sentimentos das pessoas bem intencionadas. Afinal de contas a capoeira está cheia de grandes filósofos (os mestres da velha guarda), nós que estamos surgindo com esses novos aparatos tecnológicos e toda liberdade possível de expressão, devemos parar para uma tomada de consciência.

Trago aos internautas do Jornal do CAPOEIRA, uma entrevista com o senhor Inaldo Ferreira de Lima, o Mestre Naldinho, fruto dessa nova geração de mestres, e que graças a Deus parece estar bebendo dessa nova forma de fazer e viver a história da Capoeira.

Segue na íntegra a entrevista.

JCap " Mestre Naldinho, fale um pouco do seu trabalho na Paraíba!
M.Naldinho -- O nosso trabalho começou em 1980 com a fundação do Grupo Senzala de Capoeira. O nome era uma homenagem a Senzala onde os escravos moravam. Esse trabalho que durou 10 anos, até conhecer mestre Nô de Salvador, presidente do Grupo Palmares de Capoeira, que veio a João Pessoa, através de um aluno dele, o professor Aluisio Guerra, que ministrava aulas aqui. Fomos convidados a participar do evento chamado "I Batizado de Capoeira em João Pessoa", evento este que durou três dias.
Nessa ocasião, conhecemos o mestre Nô. Ele e outros mestres presentes conheceram o nosso trabalho e isso gerou um convite para filiarmos ao Grupo Palmares. Aceitamos o convite e mudamos consequentemente o nome do nosso grupo, que passou a ser Grupo de Capoeira Senzala de Palmares. Esse trabalho continuou sendo desenvolvido dessa vez sendo orientado pelo mestre Nô e que em 1997 teve uma mudança no nome do grupo, quando foi retirado o nome Senzala. Isso ocorreu depois de uma reunião em 1996 para mudança geral do grupo, pois existiam vários grupos filiados ao Capoeira Palmares do mestre Nô. Cada grupo tinha o seu nome e a idéia do mestre Nô era que nós tivéssemos apenas o mesmo nome, Capoeira Palmares. Mas como houve resistência por parte de alguns mestres do grupo, continuaram com o nome.
Em 1997 nós fizemos mais um festival " o segundo, pois o primeiro foi em 1996. Foi quando nós resolvemos colocar o nome Angola dentro do símbolo do Capoeira Palmares, e no festival tivemos a ousadia de colocar Capoeira Angola Palmares. O nome foi bem aceito pelo mestre Nô e está ai até hoje. Nosso trabalho passou consequentemente a ser chamado de Capoeira Angola Palmares do Mestre Naldinho e alunos. Esse nome foi utilizado até 2004.
Esse período até 2004, foi muito proveitoso, pois nós recebemos muita coisa boa dentro da capoeira, alguns conhecimentos, viajamos muito todo o tempo que tivemos com o mestre Nô. Conhecemos muitas pessoas com ele, conhecemos muitas pessoas diferentes e aprendemos muito de capoeira. Também demos muita coisa ao mestre Nô dentro da capoeira. Mas nós sentimos a necessidade de fazer um trabalho a parte.  E no final de 2004, durante o Festival, anunciamos o nosso desligamento do Capoeira Angola Palmares.
Começamos uma nova fase, mas o trabalho é a continuidade do que iniciamos em 1980. Fundamos então o Capoeira Angola Comunidade do Mestre Naldinho, com a participação dos contra mestresChicoRobson e dos alunos.
JCap " Nós temos muito o que falar da Palmares na Paraíba, o que ela deixou, mas eu gostaria que o senhor explicasse para os leitores do Jornal do CAPOEIRA, a diferença, como o senhor frisou, em vez de batizado - como é  de costume adotado pelos grupos de capoeira pelo Brasil afora " realizar Festival... o que isso tem representado para a capoeira na Paraíba?
M.Naldinho -- É verdade, esse (...) a história de batizado para a capoeira angola, é um (...) eu viajo pelo Brasil, pelo mundo e quando se fala  de batizado, é uma coisa que foi criado pela Capoeira Regional, que tratava apenas da roda, botava o aluno para jogar com o mestre, o mestre aplicava um desequilibrante e entregava o cordel e aí era o batizado apenas. Poderia ser "Encontro de Capoeira angola", mas em 1996, pôr intermédio do mestre Marron do Rio de Janeiro (obrigado Marron!!)... Eu comecei a ver de uma outra maneira os encontros de Capoeira, e daí tirei de imediato o nome de batizado ou batismo de capoeira e também tirei o título de exame de graduação, e começamos a usar o nome de Festival de Capoeira Angola.
Pra que isso! " pra que mestre que fosse convidado, se sentisse forte para ministrar oficina, participar de palestras, e discussões com nosso alunos, contra-mestres e professores e comigo. E também para que os alunos se sentissem a vontade para cobrar as coisas, os ensinamentos dos mestres convidados. Minha intenção era apagar de vez, dentro da Paraíba, o exame de graduação que era uma "rinha", onde dois gladiadores iam matar um ao outro, isso era o que acontecia, e o grupo estava dentro desse contexto. A idéia de tirar o título exame de graduação, dentro de um festival, e também tirar as brigas, acabar com a violência nos encontros de Capoeira. É muito bom quando você uso o nome festival para determinada coisa, no caso a capoeira, porque a energia positiva que vem pra dentro do encontro é muito grande, se o festival tem duração de cinco dias, é muito bom, se  vai durar só dois dias, também é muito bom, por que o mestre  que eu convidei, que a comunidade convidou, irá fazer um trabalho a vontade, vem para uma festa, não apenas para uma roda, onde vai ter que mostrar que é  melhor que o outro, não!
Vem para uma festa, um festival, sinônimo de alegria entre alunos contra-mestres e mestres.
JCap " Como você avalia seu trabalho com relação a outros mestres na Paraíba com relação a essa mudança de métodos no encerramento de cada ano e a relação com o próprio batizado. Qual sua opinião de positivo entre um e outro, desde que foi implantado o festival?
M.Naldinho -- Bom, de positivo tem muita coisa, é tanto que quando termina o festival, temos em seguida uma reunião de avaliação. Eu não consegui ainda anotar muita coisa de negativo não. É que dentro de um festival de capoeira as falhas são tão pequenas, que o lado positivo cobre a parte negativa, ficando apenas um ensinamento para o nosso próximo festival.
Quanto ao batizado dos outros mestres na Paraíba, continuam acontecendo, sou convidado a participar de muito deles, eu vou lá e faço, junto com meus contramestres e meus professores, parte da festa do pessoal. Talvez eles pensem como batizado, que eu tenho que chegar lá e mostrar que sou mestre, que meu aluno é contramestre, temos que provar alguma coisa e nós não gostamos disso, não precisamos estar trocando pancada com aluno ou com outro mestre para mostrar que sou mestre; para mostrar que é mestre a gente faz a festa pra gente e convida o povo, pra eles entenderem porque do título mestre, porque do título festival. Mas estamos começando, só temos vinte e cinco anos de trabalho, e cada dia pra quem está começando é um ensinamento, a vida na capoeira é como um livro, cada dia que passa é uma página e cada página é uma coisa diferente. Vamos continuar mudando, os festivais vão continuar crescendo e continuar acontecendo na Paraíba e no Brasil. Enquanto isso, no batismo de capoeira, as algumas pessoas infelizmente vão estar se digladiando.  
JCap " Com relação ao Jornal do Capoeira, que a partir de agora está circulando, em suas páginas pela Internet, informações acerca da cultura popular na Paraíba, especificamente sobre a cultura que permeia a capoeira!
M.Naldinho -- Primeiro eu quero dar os parabéns ao pessoal do Jornal do Capoeira, que isso mostra o desenvolvimento da capoeira, nós já temos uma roda virtual, a internet agora não para, é muito interessante a Roda Virtual e o Jornal Virtual, é tudo que a capoeira tava precisando nos dias de hoje, tá desenvolvendo e tem que acompanhar o desenvolvimento da tecnologia, é muito interessante.
Quando eu posso eu escreve uma matéria para botar no jornal, e muita gente vai pegar  o papel, abrir as páginas e ler, porém, é muito interessante esse público de internautas que temos hoje, ele é muito grande. Então estão de parabéns e com certeza a Paraíba vai dar muita contribuição na pessoa deBené, que está sob sua responsabilidade na Paraíba. Ele tem muita coisa para mostrar e a Paraíba tem muita coisa para falar sobre Capoeira, sobre as atividades culturais do estado, sobre os outros grupos de capoeira que estão envolvidos nas outras partes culturais, não só capoeira, mas nas outras atividades culturais do Estado.
JCap " Para concluirmos nossa entrevista, gostaríamos de ouvir do senhor, o perfil do mestre Naldinho, sua personalidade como pessoa e como capoeirista, um breve histórico do Mestre Naldinho!.
M.Naldinho -- Breve!.. (risos) " meu nome é Inaldo Ferreira de Lima, eu gosto que a pessoas saibam o meu nome, estou na casa dos quarenta anos de idade, comecei a praticar capoeira com oito anos, então eu já tenho um certo tempo, eu gosto de ser alegre. Participo de várias atividades, sou funcionário público e minhas atividades são diretamente com o ser humano - trabalho com todo tipo de ser humano - pelas minhas atividades profissionais, então muitas horas tenho que ser muito sério para dizer algumas coisas do meu trabalho. Outras horas eu tenho que ser muito extrovertido, também para conseguir solucionar alguns problemas do dia-a-dia do trabalho, outras vezes eu tenho que ser pai de muita gente, tenho que ser filho e eu procuro ser o mais verdadeiro possível. Eu vou rir na hora de rir e quando tenho que chorar, eu abaixo a cabeça e choro também, porque eu sou ser humano e como ser humano, tomo minhas rasteiras, quando posso aplico minhas rasteiras na roda, e na vida estou sempre tentando está preparado para as rodas do dia-a-dia dentro da capoeira e da vida.
JCap " Mestre, sua mensagem final para os capoeiristas desse Brasil a fora que  a partir de agora estão "degustando" as informações da Capoeira e da cultura paraibana de modo geral.
M.Naldinho -- Na Paraíba tem capoeira. Na Paraíba tem Capoeira Angola, na Paraíba tem muita gente que está desenvolvendo capoeira e a mensagem principal, continuem treinando capoeira. E quem não é procure um tempo, procure uma maneira, um professor, um mestre, um contramestre, pessoas que saibam fazer o trabalho. E comece a pesquisar. E que os mestres, os  novos mestres, as pessoas que estão chegando agora a mestria, pesquise sobre capoeira, procure os mestres mais antigos, os velhos mestres, os mestres velhos, procurem que esse pessoal tem muita coisa para passar pra gente. Sejam humildes, pois é muito interessante que o ser humano seja humilde, porque a humildade, para mim, é um principio da plenitude!
E assim, fechamos mais uma entrevista exclusiva da Paraíba para o "Jornal do CAPOEIRA", lembrando aos ansiosos que não se precipitem, pois não haverá privilégios de publicação de matérias e as informações geradas de todos os recantos da Paraíba, no que diz a história da Capoeira, serão publicadas, seja benéficas ou maléficas. Pois assim como as bombas que estouram no Iraque e são informadas ao mundo, as nossas "bombas", também o serão, afinal de contas, a história da capoeira não pertence  a "A ou B", ela é um patrimônio  da cultura Afro-brasileira.  
Nota da Redação: Na foto aparecem os Mestres Jorge Satélite e Dinelson, da Bahia, e Mestre Naldinho da Paraíba " Festival de Capoeira de 2004.
Entrevista realizada por Bené (PB) em Janeiro de 2005. Bené é pesquisador de Cultura Popular da Paraíba, e integrante do Grupo Zumbi de Cultura Popular.

Escola Mukambu e 15 Anos do Palmares

Reportagem publicada no portal Jornal do Capoeira em 23/12/2005

Contramestre Fernando Moreira fala da "Escola Mukambu de Capoeira Angola" e dos 15 anos do Grupo Palmares de Mestre NÔ em João Pessoa



Jornal do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br
Edição 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005

Nota do Editor:
Neste ano de 2005 o Jornal do Capoeira recebeu contribuições importantíssimas das diversas regiões do Brasil: Rio, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Brasília etc. Particularmente tomo a liberdade de parabenizar dois Estados, a Paraíba e o Maranhão. O primeiro que tem contato com a brilhantemente cobertura jornalístico-cultural do amigo Benedito dos Santos (Bené), e o segundo que conta com a participação do professorLeopoldo Vaz do CEFET-MA. Nossa meta para 2006 é estender a atuação para mais alguns Estados, senão todos! Parabéns Bené e a todos os Mestres e grupos da Paraíba! Vamos a entrevista "saideira" de  2005.




                Iêêê! Miltinho Astronauta
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Grupo Zumbi de Cultura Palmares
João Pessoa - Paraíba

O coordenador da Escola Mukambu de Capoeira Angola Palmares, contramestreFernando Moreira, realiza com pleno êxito trabalhos nas sedes de Cabedelo, Alto do Mateus e também da Alemanha. Fernando atua na busca pela sustentação da cultura através de parcerias e fala também dos quinze anos de atuação da Associação Brasileira de Capoeira Angola Palmares, sob a supervisão geral domestre Nô.

JOC: Contramestre Fernando Moreira, fale um pouco do seu trabalho na Alemanha.

Fernando Moreira: Atualmente resido e trabalho na Alemanha, desenvolvendo atividades com capoeira nas cidades de Hamburgo, onde resido, e Lunemburgo. Os projetos que desenvolvo na Europa são semelhantes aos do Brasil, porque são projetos voltados também para a área social. Trabalho também com a universidade e com escolas, atendendo crianças e adolescentes; esse trabalho é um pouco da continuidade do que nós fazemos aqui na Paraíba, mas o público é socialmente um pouco diferente.

JOC: As dificuldades inerentes, como idiomas, raças, além dessas dificuldades naturais, quais você passa ou já passou e tenta superar?
Fernando Moreira: Essas dificuldades lingüisticas são algo assim que realmente qualquer que saia do pais e vá viver em outro país sente, porque sem comunicação não há entendimento, não há socialização, então são dificuldades que precisam ser superadas, graças à deus eu já falo o idioma, mas as outras dificuldades também são os desligamento da família, os amigos, tudo isso, conviver com outra cultura, aprender novas formulas de se relacionar, de se comunicar com as pessoas, isso também são desafios que é preciso que estejamos abertos para isso, porque se torna uma dificuldades que muitas vezes muitos desistem e não conseguem superar essas dificuldades, porque é realmente voltar a ser criança, aprender tudo de novo, enquanto costumes, enquanto a nova língua e estar aberto para aprender e tolerar uma outra cultura, assim como também aprender a repassar a nossa cultura, é um desafio na verdade!

JOC: Fale sobre a criação da Escola Mukambu.
Fernando Moreira: A escola Mukambu de Capoeira Angola Palmares, é uma idéia que surgiu em 1998, quando eu já sentia necessidade de ligar a nossa ação a um nome e a um projeto. Nós já temos essa coisa do grupo Palmares - uma homenagem ao grande Quilombo de Palmares-, mas buscamos também uma ação que tivesse uma denominação parecida e que nós mesmos tivéssemos a consciência de que a nossa ação, era uma pequena ação dentro de um trabalho maior: o trabalho do grupo Palmares. Surgiu então a idéia do Projeto Mukumbu, uma referência às pequenas aldeias que formavam os quilombos. Nossa idéia e ação política com a capoeira e social partiram desse princípio, como se fossemos aldeia de trabalhos e de ações que, mesmo sendo pequenas, ao serem somadas formariam as grandes ações, que é a consciência e o trabalho com a capoeira e com a cultura negra de modo geral.

JOC: Qual a origem da palavra Mukumbu? É algum dialeto afro?
Fernando Moreira: A palavra Mukumbu vem "kibumdo", que é uma das centenas de línguas faladas na África. O kibumdo é uma língua que foi e continua sendo muito utilizada, tanto é que influenciou a formação do linguajar de diversas regiões do Brasil, principalmente a Bahia.

JOC: Você teria exemplos de Kibumdo?
Fernando Moreira: No mucambo, temos a palavra moleque, caxixi, entre outras. Tem muita gente que confunde mucambo com mucama, e são termos com significados distintos. Tem um trabalho do professor Oscar Ribas na Internet que trás uma lista de palavras kimbundo utilizadas na nossa língua atualmente.

JOC: Em Julho último, se comemorou 15 anos de atuação do Capoeira Angola Palmares de Mestre Nô na Paraíba. Como você avalia este período?
Fernando Moreira: São 15 anos de muito trabalho e muitas descobertas, mas também de muitas decepções, como haveria de ser em qualquer trabalho coletivo. Creio que esses 15 anos de atuação do Grupo Palmares deu uma direção positiva para a capoeira no Estado da Paraíba, porque quando o Grupo Palmares chegou aqui a Capoeira não tinha a dimensão que tem hoje. Os mestres mais antigos podem confirmar isto. Então na minha concepção foi na chegada do Palmares que houve mais encontros, os capoeiristas tiveram a preocupação de viajarem mais em busca de informações e, consequentemente, terem contatos com outros capoeiristas. Vejo estes 15 anos de forma muito positiva, mas lamentavelmente, neste período, perdemos alguns membros que se desligaram da Palmares. O trabalho da Palmares contribuiu positivamente com a Capoeira no estado da Paraíba, especificamente em João Pessoa.

JOC: Como você avalia a Capoeira enquanto Cultura?
Fernando Moreira: A capoeira sempre foi e sempre será cultura, apesar dela receber hoje varias denominações, como é o caso de sua face desporto. Em uma entrevista de certo mestre ele dizia: "A capoeira é como uma mão, porque ela é composta de vários elementos, cultura, filosofia, até mesmo desporto, entre outros fatores que formam a capoeira", porém, se tirar um desses elementos, é como uma mão sem o dedo, esse elemento que se desliga da capoeira, esse elemento vai morrer. Então se a capoeira ficar apenas como desporto, ela vai perder muito, porque são muitos elementos que a compõem e esses elementos, esses costumes, no meu entender é o que formam a palavra cultura, que são expressão de um povo.

JOC: Qual a importância da Internet na capoeira?
Fernando Moreira: Lamento que alguns colegas de profissão e alguns alunos ainda não tenham acesso a esse tipo de benefício, e vejo a Internet de forma muito positiva. Haja visto que em alguns minutos é possível acessar centenas de informações. Eu incentivo e acredito que todos devam procurar ter o mínimo de conhecimento em informática para poder ter acesso a esses benefícios, e a Internet é um beneficio de valor incalculável. Frisou o contramestre Fernando Moreira.

JOC: Como você vê as mais recentes demissões dentro do grupo palmares, incluindo-se na Paraíba?
Fernando Moreira: Lamento! Lamento porque algumas situações poderiam ser evitadas, mas também entendo que faz parte do processo evolutivo da capoeira, que antigamente, não muito longe, mas quando eu comecei capoeira, ainda tinha aquele sistema de o aluno se tornar professor, sair para construir o seu caminho, colocar em pratica o que o mestre tinha ensinado até aquele momento. E, é claro, teria o acompanhamento do mestre sempre, o mestre o acompanhava e o aconselhava sempre que necessário. Com o advento desses grandes grupos, mega grupos, creio que começou algo como uma forma de manter o aluno na mesma instituição, no mesmo grupo, acho que isso é um aspecto negativo que aconteceu na capoeira. Essa coisa do grande grupo ter que agregar muita gente, aquela coisa do ficar todo mundo ali, no mesmo lugar, no mesmo espaço, na mesma casa é algo complicado. Acho que é um processo natural, todo mundo buscar sua melhora, agora no caso especifico da Paraíba, acredito que poderia ter sido de outra forma, de uma forma que não houvesse assim, tantos danos emocionais nas partes envolvidas.

JOC: Recentemente, foi realizado a "I Conferência Internacional de Capoeira Angola" em João Pessoa. Que resultados e perspectivas você avalia desse evento?
Fernando Moreira: Eu avalio de forma muito positiva, mesmo tendo participado apenas dois dias. A Escola Mukumbu de Capoeira Angola Palmares esteve representada por dois de nossos integrantes e os relatos dos mesmos foram positivos. Eles elogiaram bastante a atuação dos mestres de capoeira, e eu achei isso interessante, porque a gente percebe que a cada dia os mestres têm essa preocupação de estarem mais perto do aluno, atendendo as necessidades de ânsia de conhecimento eles têm. No tempo que eu comecei era todo muito mais difícil, havia uma distância entre o mestre e o aluno. Percebo que a cada dia isso essa distância é menor. Há tendência desse encontro crescer, não para beneficiar esse ou aquele grupo, mas a capoeira de modo geral, pois vai possibilitar uma discussão, uma discussão ampla sobre a capoeira, sobre temas que são de interesse de todos nós. Confirma o contramestre.

JOC: Você realizou recentemente um encontro de capoeira. Quais as expectativas do Mukumbo para os próximos eventos?
Fernando Moreira: Fizemos o "Encontro Mukumbo de Capoeira Angola Palmares" como um desafio, pois, na verdade, há dois anos atrás (2003) a situação da Capoeira Angola Palmares na Paraíba já era difícil. Mesmo sabendo que se tinha uma base sólida, que era a base mais antiga, o mestre Sabiáhavia saído do grupo, e os mestres Naldinho havia permanecido e o mestre Tunico, que nos dava total cobertura. Neste ano de 2005, tanto o mestre Sabiá, Naldinho e o Mestre Tunico (que mesmo sendo de outro estado está muito próximo da capoeira paraibana), estavam ausentes. Este foi o grande desafio, fazer um evento mesmo sem esses mestres estarem presentes. Felizmente conseguimos trazer o mestre Sabiá e o mestre Naldinho. O mesmo não foi possível com o Mestre Tunico, o que foi uma pena e sentimos muito. Mas também entendemos que era fato muito recente, a sua saída do grupo, e precisava de tempo conforme o mesmo mestre esclareceu depois. Nosso desafio foi contar com o apoio desses mestres que foram do grupo Palmares e hoje não são mais, e que apoiaram o nosso evento em sua totalidade. O evento teve boa aceitação pela comunidade e foi realizado em João Pessoa, Cabedelo e Campina Grande. Conseguimos mostrar  que existe a Escola Mukumbo de Capoeira Angola Palmares nessas 3 cidade, nesses três pólos importantes da Paraíba. E o desafio foi muito grande, assim como a coordenação do Grupo Zumbi de Cultura Popular, que é acostumado a fazerem evento sabe lidar com esse nível de dificuldade, mas nos sentimos muito feliz. E para um futuro próximo estamos planejando novas atividades, temos algumas idéias, ainda estamos no processo de avaliação, pois, eventos a partir de agora, encontros, implicam não só o Brasil, pois tem eventos que queremos fazer na Europa, e estamos trabalhando na elaboração de um calendário internacional de trabalho.

JOC: Então sua mensagem final para os capoeirista do Brasil e do mundo.
Fernando Moreira: Para eu dar uma mensagem final para todos, não vou dizer que é uma tarefa difícil, mas é uma responsabilidade, haja visto que eu não tenho tanto tempo de capoeira, assim de pratica, mas o que eu posso dizer, no meu entendimento é que o capoeirista, antes de se colocar com tal, e de querer se auto afirmar, ele tem que entender que ele é um cidadão. Ele sendo um cidadão, tem que entender que deve respeitar o outro para poder se fazer respeitar. Partindo deste principio, trazendo esse ensinamento para a capoeira, aprender a respeitar as diferenças e aceitar as diferenças, tolerar o outro, que muitas vezes nós pecamos como pessoa e como capoeirista. As vezes acreditamos que as nossas convicções são as únicas verdadeiras, que as nossas opiniões são as únicas que tem valor, mas na verdade não é assim, a capoeira é um processo coletivo, um processo de aprendizagem coletiva, e da mesma forma que estamos dispostos a falar o que sentimos também temos que estarmos abertos para ouvirmos o que o outro sente. Acho que essa falta de entendimento é que compromete muito vezes os relacionamentos entre amigos, até do mesmo grupo, da mesma escola, e entre mestres e alunos. É um processo difícil, mas temos que exercitar, há casos que se tornam difíceis, mais é um exercício na capoeira, uma vez que ninguém é dono de ninguém, e ninguém é senhor absoluto da verdade. Finalizou o contramestre Fernando Moreira.